segunda-feira, 7 de março de 2011

É normal ser normal.

                                                         Weslei Odair Orlandi
Pastor da IPR de Guaíra - Pr

Você já se sentiu inquieto ou esquisito por ser apenas “normal”? Lembro-me de já ter me sentido assim algumas vezes. Quando iniciei meu ministério sentia-me pequeno diante daqueles que narravam grandes histórias. Nasci num lar cristão, meus pais nunca se separaram, em casa nunca faltou comida, nunca vi meu pai desempregado, nunca roubei, nunca matei, nunca fui preso. Evangélico de berço fui levado desde cedo para a escola bíblica o que me manteve sempre afastado de rituais macabros. Logo, nunca tive “testemunhos” fantásticos para contar. Confesso: isso me fez sentir acuado algumas vezes. Queria ter alguma história “interessante” para contar.
         Também já me senti desconfortável com o sucesso, talento e popularidade dos outros enquanto eu não passava de um reles mortal. Creio que com um pouco de honestidade todos acabaremos admitindo já ter tido essas crises pelo menos uma vez na vida. Inúmeras vezes e pessoas já fizeram perguntas do tipo “por que eu não sou diferente? Por que eu não sou o(a)  mais bonito(a) da sala? Por que nunca me aplaudiram? Por que não sou famoso e rico? Por que não tenho uma voz extraordinária? Por que não sou um grande orador? Por que não consigo escrever livros? Por que Deus não me usa para fazer grandes milagres? Por que não pastoreio uma grande igreja e não ganho um excelente salário? Por que tenho que levantar cedo todos os dias, trabalhar muito e ganhar pouco?” A lista de perguntas poderia ficar cada vez maior, mas por ora basta. Cada um tem sua lista o que é compreensível.
         Eu já fiz essas perguntas. Hoje não faço mais. Aprendi que ser normal é normal. Aliás, aprendi que não são os grandes talentos, predicados e popularidade de uma pessoa que impressionam Deus. Isso nada é aos Seus olhos.
         Foi lendo – acredite – as desprezadas e complicadas genealogias da Bíblia que alcancei minha libertação. Vi que elas não estavam ali apenas ocupando espaço e desafiando aqueles que se propõem a ler a Bíblia inteira versículo por versículo. Percebi que a lição proposta por aquelas listas intermináveis de nomes impronunciáveis estava não no que lia, mas no que não lia, isto é, no que por falta de motivos justificáveis não foi narrado.
         As genealogias deixaram de ser inúteis; elas me mostraram que todos têm uma origem, seja ela qual for, e que somos o resultado inegável daqueles que foram antes de nós.
         As genealogias deixaram de ser inúteis; elas me lembraram que a história da humanidade sempre foi e sempre será construída a partir de milhares de micro histórias de pessoas cujas realizações nunca foram e nem nunca serão contadas. Quem foram elas? Que nome seus pais lhes deram? O que elas fizeram? Quais foram seus sonhos? O que realizaram? A quem amaram? Por que choraram e também riram? A resposta é que simplesmente não sabemos. Muito pouco ou nada sabemos sobre nossos bisavós e tataravós. Quem foram seus primos, amigos, tios e avós?
O mundo já acolheu bilhões de pessoas até hoje, mas apenas algumas centenas delas tornaram-se alvos dos biógrafos e historiadores.
         As genealogias deixaram de ser inúteis; elas me auxiliaram com a compreensão de que o normal da vida é ser normal. O ser pífio não é crime nem sinônimo de incompetência; é apenas não fazer sucesso, não distribuir autógrafos e não ser alvo dos holofotes. É normal fazer coisas corriqueiras como brincar, crescer, estudar, trabalhar, amar, casar, ter filhos, envelhecer, morrer e nunca mais ser lembrado senão por alguns e por alguns anos. Cair no esquecimento dentro de algumas décadas é o que está reservado para a maioria. Essa é a regra, não a exceção.
         Não sofro mais com a ausência de histórias emocionantes e homéricas. Contento-me agora em ler a história de terceiros enquanto a minha não vai além do simplesmente trivial. Aprendi a viver um dia de cada vez. Acalmei meu coração e sou grato a Deus pelo que sou e pelo que não sou. Procuro ser o melhor normal possível entre os anônimos que me rodeiam. No meu pacto com a vida não há mais uma cláusula que priorize o estrondoso. Quero apenas desempenhar com alegria, excelência e amor a tarefa que me for confiada, seja ela qual for.

sábado, 15 de janeiro de 2011

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Pr. Weslei Odair Orlandi

Aconteceu de novo.


 Pr. Weslei Odair Orlandi

         Aconteceu de novo. Janeiro chegou, o carnaval passou, a páscoa foi celebrada, o inverno assustou quem não gosta de frio, ricos foram enterrados, mineiros foram soterrados – e também desenterrados, mulheres foram violentadas, casas desabaram, aviões caíram, trens descarrilaram, carros se chocaram, crianças morreram em filas do SUS, velhos foram maltratados, políticos corruptos foram desmascarados, bancos prosperaram, empresas faliram, casais se apaixonaram, famílias se desintegraram, geleiras derreteram, debates dividiram a opinião da população, mentiras foram contadas, verdades foram ocultadas, morros foram invadidos, bandidos fugiram, policiais reagiram, jovens protestaram, torcidas se enfrentaram, Dilma venceu, Serra perdeu... Nada mudou...
         Enfim, 2010 – como todos os outros 2009 anos anteriores – veio cheio de alegrias, tristezas, realizações, frustrações, protelações, surpresas (algumas boas, outras nem tanto), repetições (algumas vãs, outras necessárias), doenças, idas e também vindas. Até aqui nada de novo. Apenas os ciclos se repetindo segundo a ordem natural da vida. Não deveria ser assim. Bom mesmo seria não termos nada de ruim para contar, nenhuma violência, nenhum óbito precoce, ninguém enfermo, ninguém desempregado, ninguém solitário. Mas não. Isso ainda é utópico. Impossível. O ano que se despede, como todos os demais que já se foram, não deixará saudades. Apenas lembranças.
         Mas tudo bem. Acontece sempre. A cada dúzia de meses nos congratulamos, nos abraçamos, fazemos votos e pedidos, desejamos sorte, trocamos presentes e então, sem muita empolgação, conformados, mas também resolutos começamos tudo de novo.
         Andei pensando sobre isso o que me levou à seguinte conclusão: 2010 como também todos os demais anos não passa de uma grande metáfora, o que segundo Milan Kundera não é qualquer coisa – “As metáforas são perigosas. Não se brinca com as metáforas. O amor pode nascer de uma simples metáfora”. Mas tudo bem, não estou de brincadeira. Falo sério, consciente e, espero, acertadamente.
         Afinal, para que servem as metáforas?
         Metáforas são recursos de linguagem onde uma coisa é utilizada para comunicar outra mais profunda. Sendo assim, 2010 é então uma sugestão nada modesta do que vem pela frente, do tipo de comportamento que devemos ter, da esperteza que devemos gerir, da paciência que devemos nutrir.
         Nunca se pode saber aquilo que se deve querer, esperar, fazer, recusar ou abraçar, quando não há comparações possíveis. Não é o nosso caso. Há uma verificação possível. Nada será vivido pela primeira vez e sem preparação. Como se já tivéssemos assistido a uma mesma peça teatral inúmeras vezes, inclusive os ensaios, erros e dificuldades dos atores, assim é que 2011 vai chegar. O que foi voltará a ser. O que é deixará de ser. Nada de novo se avultará; apenas de novo se repetirá.
         É assim que devemos desembarcar de 2010, embarcarmos em 2011 e prosseguir viagem. Sem grandes ilusões, sem grandes desilusões. O que aconteceu provavelmente será esquecido pela grande maioria. Ninguém, exceto os historiadores, se importará com a antiguidade. Os mais novos então, muito menos. Tudo bem. Isso também não é novidade.
Uma coisa, entretanto, se fará necessário é será esse o meu pedido: não percamos a alma, não nos tornemos alheios, não nos conformemos com a dor do estranho. Se os anos se repetem e são iguais, que sejam também iguais e se repitam a fé, a compaixão, a sensibilidade, o altruísmo, a abnegação, a decência e, principalmente, o amor.
Tudo passa. Tudo passará. Mas, o amor não! Não o deixem morrer.
         Que venha o ano novo. Que venha o que vier. Viva 2011 e viva também o amor!